Saturday, December 23, 2006

PAI NATAL É CHINÊS NO MINDELO
Os chineses sequer conhecem o Pai Natal. O nome com que designam o Pai Natal é tão esquisito que não dá nem para pronunciar, fará para escrever. Apesar disso, no Mindelo o Pai Natal é chinês e… ainda bem.
Há anos que os chineses dominam o mercado de compras de prendas de Natal em S.Vicente, apesar de os chineses sequer acreditarem no Pai Natal ou cultivarem o dia do nascimento de Jesus Cristo. Mas os produtos chineses estão presentes no Natal do mundo ocidental. Nas prendas ou numa simples luz de Natal a faiscar numa árvore de Natal.
Em S.Vicente , “o Natal com os chineses passou a ser outra coisa”. Quase todas as camadas da população têm acesso a uma prenda de Natal ou a uma peça de roupa. Até a chamada “socialite” mindelense aos poucos se foi rendendo aos chineses. Primeiro mandavam as empregadas comprar, depois passaram a ir “em carne e osso”.
É claro que os chineses foram diversificando a oferta, “passaram a ter produtos com a qualidade que as boutiques tinham. Isto porque também passaram a fazer as compras no mercado brasileiro.”
As donas das boutiques ameaçaram fechar as portas. Reclamaram contra um pretenso proteccionismo do Governo aos produtos chineses. O certo é que o efeito foi ao contrário do que pretendiam: vieram mais lojas chinesas e muitas boutiques tiveram que fechar as portas. Poucas resistiram e as que resistiram optaram por aumentar a qualidade dos seus produtos. Esqueceram a ilusão de vender para o “grande público”e concentram-se na chamada classe média que, em geral, fazia as compras no exterior. Algumas boutiques criaram sistemas de crédito informal baseados na confiança no comprador. Com este expediente conquistaram uma franja do mercado na classe média baixa.
Hoje , a concorrência é entre os chineses e não se sabe como é que vão continuar a sobreviver se a tendência crescente da abertura de mais lojas se mantiver. As ruas da “morada” estão apinhadas de “chineses” que ocuparam todos os espaços comerciais da cidade e começam a expandir-se para os bairros da periferia. Quem tem ganho é o grande público, em particular a camada com menos posses que não se cansa de dar graças “aos chineses”. Isto enquanto os vendedores do mercado-feira da Praça Estrela rogam pragas e dizem “que este ano as vendas estão piores do que no ano passado” e que “as vendas no mercado-feira da Praça Estrela vêm diminuindo nos últimos tempos” porque “os chineses não nos deixam vender”.
Eduino Santos

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